O Réveillon é tradicionalmente celebrado com shows pirotécnicos em todo o Brasil, iluminando o céu com cores vibrantes e marcando o início de um novo ano. Apesar de encantarem muitos, os fogos de artifício podem trazer sérias consequências para determinados grupos, como animais domésticos, pessoas com autismo, crianças pequenas e idosos, além de impactar a fauna silvestre.
Com o aumento da conscientização sobre os efeitos nocivos desses eventos, mais pessoas e organizações têm pedido por alternativas que mantenham a celebração, mas minimizem os impactos negativos.
Cães e gatos são particularmente sensíveis ao barulho dos fogos de artifício. O volume extremo pode provocar estresse, taquicardia, tremores, tentativas de fuga e, em casos graves, até mesmo ataques cardíacos. Muitas vezes, animais assustados acabam se ferindo ao tentar escapar, ou até mesmo se perdendo de seus tutores.
“Meu cachorro se esconde no banheiro e fica tremendo a noite toda. É uma tortura para ele e para nós,” relata a professora Maria Fátima, de 42 anos, tutora de um cão idoso.
Especialistas recomendam medidas como utilizar protetores auriculares específicos para pets, criar um ambiente seguro e confortável dentro de casa e, em casos mais graves, consultar um veterinário sobre o uso de calmantes.
O barulho intenso também afeta pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que podem ter uma sensibilidade exacerbada a sons. Crises de ansiedade, desconforto extremo e irritabilidade são reações comuns durante a queima de fogos.
Para crianças pequenas, o som alto pode gerar medo e choro, enquanto idosos podem sofrer com o desconforto causado pelo barulho, especialmente aqueles com problemas cardíacos ou condições de saúde sensíveis.
“Enquanto muitos comemoram, nós passamos a noite tentando acalmar meu filho autista, que entra em pânico a cada explosão,” explica Daniela Reis, mãe de um menino de 9 anos diagnosticado com TEA.
Além dos efeitos em humanos e animais domésticos, os fogos de artifício também prejudicam a fauna silvestre. Pássaros, por exemplo, podem abandonar ninhos e filhotes ao fugirem em pânico, e outros animais enfrentam estresse e desorientação.
Diante desses problemas, algumas cidades têm adotado fogos de artifício silenciosos ou espetáculos de luzes como alternativas para as celebrações. Os fogos silenciosos produzem o mesmo efeito visual, mas emitem ruídos em níveis mais baixos, reduzindo os impactos negativos.
No Brasil, iniciativas como leis que proíbem fogos de artifício com barulho têm ganhado força em diversas localidades. Contudo, a implementação enfrenta desafios devido à resistência de parte da população e à tradição cultural.
Embora os fogos sejam parte da cultura das celebrações de fim de ano, a crescente conscientização sobre seus impactos tem levado muitas pessoas a repensarem o uso. A transição para opções menos prejudiciais não só beneficia grupos sensíveis, como também permite que a festa seja inclusiva e acessível a todos.
Como alternativa, celebrações com shows de drones e projeções luminosas têm conquistado espaço em eventos públicos ao redor do mundo, mostrando que é possível comemorar sem prejuízos. Que o brilho das festas de Réveillon continue a iluminar o céu, mas sem ofuscar a saúde e o bem-estar de quem mais sofre com os ruídos.
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