Alcino Pereira, residente em Brumadinho há sete anos, expôs recentemente situações de preconceito e xenofobia que tem enfrentado na cidade. Gerente da loja Alternativa Brumadinho, localizada na Rua Quintino Bocaiuva, ele relata que já foi alvo de diversos comentários ofensivos por ser nordestino, o que reacende o debate sobre o respeito à diversidade cultural e a luta contra o preconceito.
Alcino Paraíba, como é popularmente conhecido, chegou a Brumadinho em 2017 e, desde então, se estabeleceu como figura ativa na comunidade. Inicialmente, trabalhou na Paraíba das Variedades por quase sete anos, e hoje é gerente da Alternativa Confecções, onde aplica técnicas de marketing e gestão adquiridas em sua formação como técnico em administração. Apesar de ter abraçado Brumadinho como sua cidade do coração, ele relata que enfrentou discriminação desde os primeiros dias, intensificando-se durante sua campanha como candidato a vereador.
Entre os ataques, ouviu frases como “você devia voltar para a Paraíba” e “caiu de paraquedas aqui”, além de ser acusado de buscar oportunidades na cidade devido a uma suposta “fome no Nordeste”. Apesar de todo o preconceito, Alcino nunca deixou de se dedicar ao desenvolvimento de Brumadinho, participando ativamente da vida comunitária e defendendo causas importantes, como a proteção animal.
Em um dos episódios mais recentes, mensagens em um grupo de WhatsApp reforçaram os ataques xenofóbicos, o que motivou Alcino a se manifestar. Ele destaca que Brumadinho é uma cidade composta por pessoas de diversas origens e culturas, que juntas constroem o progresso local. “Muitas pessoas que vivem aqui vieram de outras regiões e têm contribuído de maneira extraordinária para a cidade”, afirmou.
Para Alcino, a xenofobia é um comportamento inaceitável em pleno século XXI. Ele reforça a importância de valorizar as diferenças e lutar contra qualquer forma de preconceito, lembrando que atitudes como essas enfraquecem a sociedade. "O respeito por todos os povos, raças e culturas é essencial para construirmos uma sociedade mais justa e unida", disse ele.
Apesar dos ataques, Alcino reafirma seu amor por Brumadinho e pelas pessoas que o acolheram. Ele também acredita que o preconceito pode ser superado com diálogo e conscientização. “Peço a Deus que ilumine aqueles que carregam rancor e preconceito no coração, para que reflitam e mudem suas atitudes”, declarou.
Com um jeito alegre e determinado, Alcino promete continuar sua jornada em Brumadinho, trabalhando pelo desenvolvimento da cidade e pelo bem-estar da comunidade. Seu relato serve como um chamado à reflexão sobre o impacto da xenofobia e a importância do respeito e da empatia nas relações humanas.
Xenofobia é crime
A Lei nº 9.459/97 considera xenofobia a discriminação ou preconceito de procedência nacional, e enquadra como crime quem praticar, induzir ou incitar a discriminação. A pena para quem comete xenofobia é de reclusão de um a três anos e multa. No entanto, a pena pode ser maior se o crime for cometido em ambientes virtuais, podendo chegar a dois a cinco anos.
A Lei nº 9.459/97 alterou a Lei nº 7.716/89, que tratava apenas de crimes de racismo, ou seja, discriminação ou preconceito de raça ou cor. A mudança na lei passou a incluir a procedência nacional, abrangendo assim os casos de xenofobia.
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