Resgate de DNA e indução de florescimento precoce revoluciona restauração da área impactada pela tragédia da barragem
Dentro dos laboratórios da Sociedade de Investigações Florestais (SIF) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), uma descoberta promissora está transformando a abordagem do reflorestamento em Brumadinho, onde a tragédia do rompimento da barragem deixou marcas devastadoras. Pesquisadores da UFV desenvolveram uma técnica inovadora chamada "Resgate de DNA e Indução de Florescimento Precoce em Espécies Florestais Nativas", capaz de prolongar a vida de árvores em risco de extinção.
A técnica consiste em resgatar o DNA das plantas em perigo e replicá-lo em mudas, transformando-as em clones. O resultado é um processo acelerado de multiplicação das espécies. Em vez de esperar até oito anos para que as árvores deem frutos e flores, agora isso pode ocorrer em apenas seis a doze meses.
A pesquisa, originada de uma dissertação de mestrado na UFV, despertou o interesse da Vale, mineradora responsável pela restauração e reflorestamento da área afetada pela tragédia em Brumadinho. O compromisso da Vale em recuperar toda a região impactada ganha um impulso significativo com essa inovação.
O professor Gleison dos Santos, do Departamento de Engenharia Florestal da UFV, destaca o sucesso do teste da técnica realizado em junho de 2020, apenas um ano e cinco meses após o desastre. As espécies nativas da mata de Brumadinho, como Jacarandá, Ipê e Jequitibá, foram escolhidas para a aplicação bem-sucedida da técnica.
"A técnica deu tão certo que a Vale nos convidou para mais três anos de pesquisa. Vamos plantar 6 mil plantas e enriquecer toda a área nativa, não só na região de Brumadinho, mas ao longo dos 150 km onde o resíduo se espalhou", afirma o pesquisador. Ao todo, 30 espécies ameaçadas de extinção foram beneficiadas, com materiais genéticos coletados para preservação.
A inovação da técnica está em duas frentes: na replicação de espécies ameaçadas e na aceleração da produção de frutos e flores. Ao aproveitar o DNA de árvores maduras em mudas jovens, o processo desencadeia um florescimento mais precoce, acelerando o ciclo de biodiversidade da floresta.
Para a comunidade local, a reintrodução da vegetação vai além da recuperação ambiental, abrindo caminho para uma economia criativa. O retorno de espécies frutíferas, como Pequi e Jatobá, não apenas beneficia a alimentação das comunidades, mas também cria oportunidades econômicas, como a produção de sucos, sorvetes e outros produtos naturais, impulsionando pequenos e médios proprietários locais, assentamentos e comunidades indígenas ao longo do rio Paraopeba.
A técnica inovadora não só oferece uma perspectiva positiva para Brumadinho, mas também aponta para um futuro mais sustentável e resiliente para regiões afetadas por desastres ambientais.
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