A pesquisa, realizada entre setembro de 2021 e agosto de 2022, analisou a qualidade do ar nas cidades de Betim, Mário Campos, Juatuba, São Joaquim de Bicas, Igarapé e Mateus Leme, identificando a presença de metais pesados com potencial risco à saúde humana e ao meio ambiente. As amostras coletadas apontaram altos níveis de substâncias como manganês, mercúrio, arsênio, cádmio, níquel e cromo, em desconformidade com os valores internacionais.
De acordo com os dados, o manganês se destacou por apresentar valores acima do limite em 93% das amostras, o que corresponde a 26 das 28 coletas analisadas. O mercúrio foi encontrado em 39% das amostras, seguido pelo arsênio e cromo, ambos com 36% de inconformidade. O cádmio e o níquel registraram níveis superiores aos de referência em 32% das coletas.
Mariana Vieira, técnica da Aedas, explicou que o estudo oferece uma “fotografia” do cenário analisado, mas reforçou a necessidade urgente de um monitoramento contínuo na região. Vieira também ressaltou que, no Brasil, ainda não existem regulamentações específicas para os limites de concentração de metais no ar, o que exige a adoção de parâmetros internacionais. Segundo ela, essa falta de normatização dificulta ainda mais a avaliação dos riscos para a população exposta.
Além dos possíveis efeitos diretos à saúde, Mariana alertou que os metais podem ser transportados pela atmosfera, acumulando-se no solo e nos rios por meio das chuvas ou da deposição seca. Isso representa uma ameaça tanto à qualidade do solo quanto à cadeia alimentar, já que substâncias como arsênio e cádmio podem ser absorvidas por plantas e prejudicar quem consome esses alimentos.
Os resultados, que foram apresentados às comunidades atingidas em reuniões e seminário realizado em outubro deste ano, servirão como base para novas medidas de mitigação e a elaboração de políticas públicas que possam minimizar os impactos ambientais e os riscos à saúde. Para os moradores de Brumadinho e cidades vizinhas, o estudo evidencia a persistência das consequências do rompimento da barragem e a urgência de ações efetivas para lidar com os danos.
*informações/colaboração Brasil De Fato
Comments