Nesta quarta-feira (29), a mineradora Vale confirmou ter apresentado uma proposta de R$ 90 bilhões para repactuar os danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco, sua subsidiária, em Mariana (MG), ocorrido em novembro de 2015. O valor total dos danos calculados pela empresa atinge R$ 127 bilhões, dos quais considera ter pago R$ 37 bilhões em investimentos realizados em remediação e compensação até o momento.
De acordo com um Fato Relevante divulgado aos acionistas, a Vale planeja pagar R$ 72 bilhões ao longo de um período aos governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo, bem como aos municípios afetados. O documento não especifica a duração desse período. Os outros R$ 18 bilhões se referem a "obrigações de fazer".
A mineradora informou que os valores incluem uma contribuição de 50% da BHP Brasil e da própria Vale, como devedores secundários, caso a Samarco não consiga financiar o acordo como devedor primário.
Os valores já pagos pela Vale foram contabilizados até março de 2024, totalizando R$ 17 bilhões distribuídos a mais de 430 mil pessoas. A empresa destacou que aproximadamente 85% dos reassentamentos para as comunidades impactadas pelo desastre da barragem da Samarco foram concluídos.
As negociações haviam sido suspensas em dezembro do ano passado, após críticas à proposta inicial de pouco mais de R$ 40 bilhões pelas mineradoras. Nas últimas semanas, as negociações foram retomadas, e agora o governo federal, os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, o Ministério Público Federal (MPF) e as Defensorias Públicas dos dois estados devem se manifestar sobre a nova proposta.
A Vale expressou o desejo de fechar o acordo ainda no primeiro semestre deste ano. A secretária de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Luísa Barreto, que lidera as negociações pelo estado, preferiu não comentar sobre o valor da proposta. Ela destacou que o novo texto inclui uma série de ações relacionadas ao meio ambiente e à responsabilidade social.
Por outro lado, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) criticou a proposta da Vale, considerando-a "indecente" e inadequada para reparar integralmente os danos. O membro da coordenação nacional do MAB, Joceli Andrioli, argumentou que o valor proposto está muito aquém do necessário para cobrir os prejuízos causados pelo desastre.
Comments